Considerações sobre canetas para teste de polaridade

Qualquer dispositivo de teste, quando utilizado com conhecimento, apresenta benefícios para os técnicos reparadores automotivos.

Um dispositivo simples e barato é a caneta de teste de polaridade, bastante utilizada por sua praticidade nas verificações de presença de tensão e pulsos em componentes do sistema elétrico e de injeção.

Com ela o técnico pode detectar fusíveis queimados, interrupções no chicote, polaridade da tensão, e presença de tensão em relês, componentes eletrônicos, lâmpadas de iluminação, etc.

Porém, como em qualquer equipamento o técnico deve conhecer muito bem as características deste dispositivo e também as do sistema elétrico do veículo, assim se consegue maior produtividade sem causar danos aos componentes do veículo.

Testei dois dispositivos, um com dois LED’s não alimentado e outro de três LED’s com alimentação polarizada.

O dispositivo de dois LED’s pode detectar tensões positivas e negativas e o LED acende com tensões superiores a +/- 2 Volts. No teste de pulsos esta caneta não se mostrou eficiente para detectar pulsos na válvula de injeção, em marcha lenta o LED não pisca.
A vantagem fica por conta da simplicidade por não necessitar alimentação, o único cabo ligação é conectado em um ponto massa (negativo da bateria) qualquer do chassi.

A caneta de três LED’s, um para indicar tensão de alimentação para a caneta e outros dois para indicar polaridade, necessita alimentação da bateria e, portanto, os cabos devem ter um comprimento razoável para maior mobilidade.
Os LED’s indicadores de polaridades ficam apagados com a ponta de teste isolada. O LED indicador de polaridade positiva acende com potenciais acima de 7 Volts e o indicador de polaridade negativa acende com potenciais abaixo de 5 Volts. Notem, ai existe uma janela em que os LED’s não acendem com tensões entre 5 e 7 volts, levando à falsa indicação de que não existe potencial no ponto de teste.

Os circuitos destes dispositivos variam segundo a fabricação, e as observações aqui mencionadas poderão ser diferentes. 
Como regra geral o técnico deve ficar atento às características destes dispositivos e a sua aplicabilidade no sistema elétrico do veículo.

Não se esqueça que as canetas de testes injetam correntes nos componentes testados e isto pode causar efeitos indesejados como ligar bobinas de ignição ou disparar a bolsa do air bag.
Não se deve usar, também, na detecção de pulsos nos injetores de alta pressão do common rail, PLD, da injeção direta de gasolina, pois nestes componentes se desenvolvem tensões superiores a 60 Volts.

Se você possui, vai adquirir ou construir uma caneta de teste, fique atento aos diferentes circuitos existentes para este dispositivo e principalmente, use somente nos pontos em que tenha pleno conhecimento dos resultados a serem obtidos.

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Dúvidas sobre o regulador tensão multifunção


Regulador multifunção ref. Bosch F 00M 145 203
Se o tamanho padronizado dos reguladores de tensão multifunção traz vantagens, por outro lado, também facilita aplicações indevidas.

É que na hora de substituir-lo, frente às dificuldades de encontrar o regulador recomendado para o alternador ou mesmo por questão de custo, o aplicador, contrariando as restrições técnicas do fabricante, acaba usando uma peça parecida com funções diferentes da original.

Para maior compreensão vou citar um caso recente que tive conhecimento, o técnico montou um regulador parecido (como o da foto), porém com a referência F 00M 145 257, em um veículo MBB – Sprinter 311 CDI, cuja peça original é o F 00M 145 248.

Quais as conseqüências?  Segundo catálogos Bosch pude obter as informações transcritas a seguir:
Numero de pedido: original F 00M 145 248 – peça de reposição F 00M 145 358
Conexões e identificação do regulador multifunção F 00M 145 248/257/358

Tabela comparativa:

Número de pedido
Tensão regulada
Temperatura máxima
na carcaça
Características
Modelo
F 00M 145 248
14,5
135 ºC
- LRS
- LRF
BR14-M3
F 00M 145 257
14,5
150 ºC
- LRS
- LRF
BR14-T3

LRS - (Load Response Start) Resposta de carga na partida. Atrasa o fornecimento de corrente ao iniciar  a geração.
LRF - (Load Response Fahrt) Resposta de corrente durante o funcionamento (marcha). Acoplamento de carga suave, evitando o freio motor.

Análise segundo informações disponíveis para este caso:
1 - Pela tabela e a figura em destaque, acima, se nota a diferença na temperatura máxima, fator que influencia a tensão regulada a fim de proteger termicamente o alternador.
Conseqüência: O uso do regulador citado fixa uma temperatura mais alta expondo o alternador a uma sobrecarga térmica.

2 - Embora ambos tenham as funções LRS e LRF não se sabe qual é o parâmetro de tempo inserido nestes controles, porém pela distinção do modelo é possível que sejam diferentes, assim como outros detalhes técnicos.

Infelizmente, as funções detalhadas inseridas nos reguladores muntifunção não estão disponíveis, portanto é difícil prever as conseqüências ao utilizar um modelo diferente, ainda que sejam idênticos fisicamente. Para evitar qualquer prejuízo para o sistema do veículo e para o alternador, o técnico deve aplicar unicamente a peça de reposição recomendada pelo fabricante.

Saiba mais: