Defeito elétrico: Causa natural ou defeito provocado?

Ninguém é melhor do que ninguém e todo mundo é bom em alguma coisa (desconheço o autor desta sabia frase), contudo o mercado sofre com a escassez de profissionais competentes. Penso que a banalização do profissionalismo levou a isto, qualquer um pode emendar um fio ou prensar um terminal, mas pode fazer-lo da maneira correta?  

Prensagem de terminal inadequada, sem o uso de ferramenta: causa mau contato e defeitos intermitentes.
Prensagem inadequada e entrada de água no conector: causa mau contato.
Por outro lado, é constrangedor os comentários de certos proprietários do veículo ao ser cobrado pelo serviço de reparo em chicotes elétricos. Se há demora é porque o profissional não conhece o trabalho, se é rápido não vale nada!

No ramo automotivo se busca a mão de obra barata ou grátis, somente se consente o preço das peças trocadas, disto poucos reclamam.
Este relaxo será uma pela falta de valorização da mão de obra ou pura falta de profissionalismo? 

Fios desprotegidos roçando nas partes metálicas: causa a queima de componentes ou parada do carro.

As conseqüências por reparos inadequados são: Queima de componentes e paradas repentinas causada por defeitos intermitentes e custo elevado do serviço devido a necessidade de refazer o trabalho e constantes intervenções.
Culpemos os profissionais ansiosos por ouvir o ronco do motor sem se importar com a qualidade do trabalho!  Ou aos donos dos carros que querem serviço barato!

Fios danificados provocando curto circuito devido má acomodação por ocasião de manutenção.
Chicote elétrico e conectores são responsáveis pela maioria dos defeitos no carro, juntando-se àqueles provocados pelo mau profissional, teremos situações inusitadas.

Me surpreendo com oficinas que usam ferros de soldas machadinha de 400 W, estanho e pasta (indicado para calheiros) para unir fios e terminais, e pior ainda, emendas mau feitas e sem solda ou terminais. Instalações de alarmes ou dispositivos contra roubo mau instalados e de baixa qualidade. 
   
Na minha opinião a mão de obra deve ter um preço justo, mas a qualidade do serviço precisa melhorar, e muito.

Qual sua opinião? Você já vivenciou isto? Deixe seu comentário como profissional ou dono de veículo.  

Osciloscópio 2 - Considerações importantes

O uso do osciloscópio vai além da simples aquisição da imagem do sinal. Existem situações em que não basta comprovar a existência do sinal, precisamos ir mais fundo e realçar pequenos detalhes da curva visualizada para elucidar a medição que desejamos.
Sendo mais que mero expectador e interagindo com o equipamento, melhores resultados serão obtidos.

Enganam-se aqueles que pensam que o ajuste padrão do equipamento e uma coleção de imagens de sinais são suficientes para obter um diagnóstico eficaz com o osciloscópio.

Oscilograma primário da bobina de ignição - visualização de detalhe
Solucionar problemas com osciloscópio requer mais do que isso, antes de tudo é necessário levantar hipóteses prováveis que se relacione com sintoma apresentado no veículo. Portanto, conhecer profundamente detalhes sobre o funcionamento do componente e sua ação dentro do sistema é indispensável. De outra maneira não saberíamos o que está correto e tão pouco seria possível associar diferenças causadas pela falha ou por variantes que ocorrem devido ao ajuste do equipamento e interferências inerentes da rede elétrica do veículo. 

O osciloscópio é empregado quando não há outro recurso que permita visualizar a hipótese de defeito sugerido ou que recursos contidos tornem o diagnóstico mais fácil e eficiente.

Testar um potenciômetro com o osciloscópio, por exemplo, é mais eficiente que medir a resistência ou a tensão do sinal, pois podem ser percebidas pequenas falhas difíceis de serem detectadas com o multímetro.
Recentemente tive uma experiência em que o osciloscópio se revelou uma ferramenta eficiente ao detectar um defeito na rede CAN. Era impossível a comunicação com o “scanner” através da rede CAN e a tensão medida na rede com o multímetro estava coerente, porém ao visualizar o sinal com o osciloscópio notou-se que os dois canais apresentavam sinais idênticos. Com base no conhecimento prévio pôde ser deduzido que havia um curto circuito entre as linhas CAN-Hi e CAN-Lo.

 Muitos podem argumentar que se tivesse a imagem gravada e rotulada – “Rede CAN em curto circuito” - seria fácil identificar a falha.
Meu maior argumento é que conhecer a teoria torna possível o reconhecimento da falha. Além disso, peculiaridades em uma falha poderiam conter diferenças que causariam dúvidas e se sabe lá quantas imagens distintas seria possível desenhar.

É certo que podemos estudar e reunir poucos oscilogramas teóricos, já oscilogramas de defeitos e seus atributos, por sua infinidade, é praticamente inviável.

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