Saiba como interpretar diagramas elétricos - parte 2

Diagrama de fiação multifilar

O diagrama de fiação multifilar é um desenho bidimensional mais detalhado na representação simbólica de seus componentes.  Frequentemente usados para localizar interrupções no circuito durante um reparo no sistema elétrico, também servem para a montagem de um circuito ou equipamento. O excesso de cruzamento de linhas deve ser evitado para maior clareza. Este modelo é satisfatório para circuitos com poucos componentes ou detalhes.
O exemplo abaixo ilustra o sistema ignição EZ-k aplicado nos veículos com sistema de injeção eletrônica tipo LE-Jetronic: 
Diagrama de fiação multifilar – Sistema de ignição EZ-k veículo Gol GTi, fonte apostila VW.
Legenda:
a – Vai para o interruptor da borboleta do acelerador 
b – Vai para sensor de temperatura do motor
c - Vai para Unidade de comando LE-jetronic
d – Vai para o LED do painel
e - Alimentação de +12 V 
1 e 2 Pontos de conexão a massa (chassi)
“Linha 15” - positivo da bateria comutado pela chave de contato ou ignição.

Com este diagrama, apesar de existir muitos cruzamentos de linhas, não é difícil seguir ou montar o circuito.
Entretanto, o leitor deve observar que a disposição dos terminais no símbolo do distribuidor não corresponde à ordem física real na peça. A pinagem da EZ-k corresponde à vista frontal do conector do lado do chicote. E no módulo TSZ a ordem mostrada é da pinagem do módulo. Não se trata de erro, já que não há obrigatoriedade em manter a ordem exata dos pinos no diagrama.
Isto exige atenção do profissional ao confrontar o diagrama com a instalação. Se necessário consulte o desenho específico para o conector. 
Caso seja importante o autor pode advertir quanto à ordem adotada ou inserir desenho complementar dos conectores, como no exemplo da figura abaixo.
Diagrama de pinos dos conectores do chicote, vista frontal.
O cruzamento das linhas sem o ponto circular (em preto) indica que estas não estão conectadas entre si.
A linha tracejada ao redor do fio indica uma blindagem contra EMI (interferência eletromagnética). Normalmente a blindagem é conectada a massa (negativo), porém no caso do distribuidor esta blindagem também serve como condutor negativo de alimentação do sensor Hall no distribuidor.

A leitura é simples, alimentação de 12 V para o módulo EZ-k, por exemplo, chega pelo pino 5 do “conector A” e a ponte de fio entre ele e pino 6 do módulo EZ-k (vide legenda “e”).
Um fio conecta o pino 20 da unidade de comando EZ-k a um ponto de massa – chassi, indicado pelo retângulo “1”. E assim sucessivamente para qualquer outra linha.

Para interpretar diagramas deve ser aprendido o significado de termos e símbolos usados frequentemente, hora ressaltados em vermelho no diagrama e explicados, que normalmente não são legendados.
Já entender o funcionamento do sistema é necessário conhecimento complementar sobre seus componentes.

Diagrama de fiação unifilar

Em um circuito com muitos componentes e condutores elétricos seria difícil desenhar ou mesmo seguir seu trajeto sem se confundir. O diagrama de fiação unifilar é outra opção muito comum.
Usando a referência cruzada, a conexão do borne no componente “A” possui o endereço com denominação do borne e componente de destino “B”. Se necessário ainda pode ser incluído a bitola e cor do fio.
Não é necessário seguir o fio, basta ver a indicação do fio no pino do componente e já sabemos onde ele deverá chegar. A quebra da linha indica para que lado do circuito ela segue.
Diagrama de fiação unifilar – Sistema de ignição EZ-k, VW - Gol GTi
O diagrama unifilar acima é ideal para a montagem do circuito e também pode ser usado pelo técnico reparador para checar a continuidade e a conexão exata dos condutores. 

Na próxima matéria veremos os tipos de diagramas elétricos usados frequentemente pelas principais montadoras de veículos.

Saiba como interpretar diagramas elétricos - parte 1

Diagramas ou esquemas elétricos são ferramentas frequentemente utilizadas por técnicos e engenheiros para montagem, confecção de chicote elétrico e visualização do caminho da corrente ao longo do circuito para fins diversos.
Embora Indispensável, ler diagramas elétricos e eletrônicos não é uma tarefa facilmente assimilada pelo profissional de reparação automotiva. Não é para menos, pois a grande variedade de tipos existentes choca, especialmente àquele profissional oriundo da área de mecânica.

Diferente de um desenho tridimensional, no diagrama elétrico os componentes são representados através de símbolos.   
Para desvendar os detalhes que envolvem este tema Iniciemos com o circuito simples da figura abaixo, representado na forma tridimensional.

 
Circuito simples, representação tridimensional 
 Mesmo sendo um desenho sem escala, construir-lo da forma mais natural possível requer muito tempo. Imagine como seria complexo, para não dizer impossível, fazer um desenho tridimensional de todos os circuitos de um automóvel atual!
Seguir o circuito consiste basicamente em percorrer o caminho da corrente elétrica a partir de um pólo da bateria ao outro, por exemplo: do positivo até o negativo. Recorde, o chassi é uma extensão do condutor negativo do circuito. Assim, para acender a lâmpada a corrente elétrica fluirá através do fusível, do interruptor, fios, chassi, conexões, bornes positivo e negativo da bateria e seus componentes internos. Estes elementos funcionam como uma “estrada” na qual circula a corrente elétrica.

Por mais complexo que seja uma instalação elétrica sempre estaremos restringidos a um circuito elementar como este modelo, ou seja: fonte de energia, receptor e elementos de condução (fios, chaves, conectores, etc.).  E lembrem-se, nem sempre compreendemos todo o circuito de um veículo, mas assim mesmo podemos solucionar falhas localizadas.

O diagrama bidimensional
O diagrama bidimensional é representado em um plano, e é mais fácil de ler e desenhar. Muitos detalhes desnecessários são eliminados. Acompanhados por legendas alfanuméricas ou textos os componentes são representados por símbolos (figuras) que lembram as peças.
Um peça pode ter uma infinidade de símbolos. Geralmente são versões inspirada no símbolo formatado pelo inventor da peça ou em simbologia normalizada. O mais importante é que o símbolo represente características marcantes quanto ao aspecto real ou funcional da peça e tenha legenda explicativa que o identifique.

O diagrama acima é uma representação bidimensional do circuito anterior. 
Considerando que cada elemento do circuito é um elo de condução de corrente, com este diagrama é perfeitamente possível analisar o caminho da corrente e até mesmo montar o circuito.